Dra Valéria Dória - Ginecologista e Obstetrícia

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Trombofilia: conheça as causas e os riscos para as grávidas



Não se trata de uma doença, mas de uma condição que pode trazer diversas complicações tanto para a mãe quanto para o bebê durante a gestação

Em termos médicos, a trombofilia é uma maior propensão à "ocorrência de eventos trombóticos venosos". Traduzindo: é uma tendência ao chamado “sangue grosso”, que, na prática, contribui para o entupimento de veias. Não se trata de uma doença, mas de uma condição que pode ter diferentes causas. Confira aqui as respostas para as dúvidas mais comuns sobre o assunto.

O que pode causar a trombofilia?
Há duas possibilidades de origem para a trombofilia. Uma é hereditária, quando a condição está ligada a fatores genéticos. Outra é quando essa condição é adquirida. Neste caso, ela pode ser desencadeada por diversos fatores que aumentam a coagulação do sangue. Entre eles estão o uso de estrogênios, terapia de reposição hormonal, viagens aéreas prolongadas (por causa da pressão), cirurgias, imobilização e também a gravidez. Quando a trombofilia é adquirida, o quadro mais comum é o da síndrome antifosfolípide, ligada à produção de um tipo de anticorpo que estimula a coagulação. Essa condição representa cerca de 60% dos casos.

A trombofilia hereditária é mais grave que a adquirida?
Não. Na verdade, é o contrário: a síndrome antifosfolípide costuma ser mais agressiva do que os quadros ligados à genética. O que pesa mais é o histórico pessoal e familiar da mulher. Se ela já teve um ou mais episódios de trombose, há grandes chances de que isso se repita durante a gestação. Caso familiares mais próximos (pai, mãe, avós e irmãos) tenham histórico de infarto, AVC ou morte súbita antes dos 50 anos também vale investigar se há relação com a trombofilia.

Para as grávidas, a trombofilia é perigosa?
Sim. Como o sangue fica mais espesso, pode haver entupimento tanto das veias da mãe como obstrução da circulação do sangue que vai para a placenta. Se metade das veias da placenta  entopem, ela começa a se descolar antes da hora – esse é um dos principais riscos para grávida com trombofilia. Nos casos menos agressivos, pode haver obstrução parcial das veias da placenta. Isso reduz o fluxo de sangue e, consequentemente, de nutrientes que chegam ao bebê. Por isso, a trombofilia também está ligada à redução do crescimento fetal. Além disso, quando 90% das veias da placenta ficam obstruídas, o bebê vai a óbito. Isso aumenta o risco de abortos de repetição, assim como de parto prematuro. Em relação à saúde da mãe, uma das complicações mais temidas é a embolia pulmonar, que é quando as artérias ou veias do pulmão ficam obstruídas. Além disso, a gestante com trombofilia tem mais risco de desenvolver pré-eclâmpsia.

Quais são os sintomas da trombofilia?
Muitas vezes essa condição é assintomática, mas um dos sinais de alerta é o inchaçorepentino. Aquelas gestantes que têm pré-eclâmpsia antes de 34 semanas de gravidez também devem ficar atentas. Outro sinal de alerta é quando a barriga da mãe cresce pouco, já que o bebê não se desenvolve como esperado.

Há fatores que podem piorar o quadro?
Sim. A gestação gemelar, por exemplo, aumenta o risco de trombofilia porque a mulher produz mais fatores de coagulação. A desidratação também pode agravar a situação porque engrossa o sangue. Vale mencionar ainda o uso de drogas e o cigarro, assim como o excesso de peso, uma vez que a gordura aumenta os riscos de trombose. (Por esse motivo, a gestante deve ficar ainda mais atenta à balança e praticar atividades físicascom regularidade). Quanto mais avançada a idade da mulher, maior é o risco de trombofilia.

Que outros cuidados são necessários para as grávidas?
Se a mulher for viajar de avião, os exames do bebê têm de estar normais e, mesmo assim, os médicos só costumam liberar trajetos mais curtos, com duração máxima de 4 horas. Nesse período, é importante que a grávida se mantenha bem hidratada e tente se mexer durante o voo. No dia a dia, devem ser tomadas precauções gerais, como uso de meias elásticas, realização de atividade física e controle clínico e obstétrico regular. De acordo com o histórico pessoal e familiar, e com os resultados dos exames de trombofilia, pode ser necessário uso de heparina e/ou ácido acetilsalicílico. Se não for tratada, a síndrome antifosfolípide pode dimunuir as chances de ter um filho um filho vivo para 10%. Com o tratamento, essa taxa sobe para 85 a 90%. Ainda assim, vale o alerta: mesmo com o tratamento a gestação de grávidas com trombofilia é sempre dealto risco. Por isso é preciso fazer um pré-natal rigoroso, acompanhando bem de perto tanto a saúde da mãe como do filho.


Fontes: Venina  Isabel Leme de Barros, ginecologista do Hospital e Maternidade São Luiz Itaim (SP) e Elbio Antônio DAmico, especialista em Hematologia do Hospital Sírio-Libanês (SP)

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