Dra Valéria Dória - Ginecologista e Obstetrícia

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Depressão pós-parto – Vamos falar sobre isso?

Um assunto cada vez mais recorrente em clínicas e ambientes de saúde pública é a depressão pós-parto; é importante deixarmos a porta deste tema sempre aberta para que todos possam entender essa condição psicológica de tantas mulheres no pós-parto, quando elas são envolvidas por uma profunda tristeza, desespero e falta de esperança, sendo que em alguns casos extremos, esse quadro pode evoluir para agressividade e violência logo após o nascimento do bebê.

Maternidade e Depressão pós-parto

Quando falamos sobre maternidade, sabemos que a maioria das mulheres deseja passar por ela amando seu filho intensamente, e a depressão pós-parto acontece justamente no momento do puerpério, quando a mulher se vê num turbilhão de emoções e alterações hormonais intensas, o que pode comprometer o vínculo mamãe e bebê e toda a estrutura familiar.
No entanto, é preciso que a mulher e a sociedade em geral entendam que a depressão pós-parto tem cura e ela acontece com o apoio profissional das áreas de medicina e psicologia, terapia em grupo e as redes de apoio entre mulheres que passam pelo mesmo problema.

Mulheres deixam de procurar ajuda

Sabemos que quadros de depressão e transtornos psicológicos ainda não recebem a atenção necessária da população em geral. Quando enxergamos o quadro de depressão pós-parto vemos um assunto tratado como tabu. Esta é uma das razões que bloqueiam muitas mulheres na hora de procurarem ajuda profissional, afetiva ou apoio por parte de outras mães.
Um estudo publicado no Maternal and Child Health Journal revela que somente uma em cada cinco mulheres procura ajuda enquanto sofre de desordens de humor típicas da depressão pós-parto, como ansiedade e estresse. De 10 a 20% das mães sofrem com abalos de humor significativos depois do nascimento do filho – e isso pode afetar negativamente o bem-estar físico e emocional tanto da mulher quanto do bebê.
De acordo com os pesquisadores da Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, numa análise feita com 211 mulheres, foi notado que 51% das voluntárias preencheram os critérios para o quadro de desordens de humor ligadas ao pós-parto. Cerca de metade das participantes revelou encontrar barreiras que tornavam a procura por ajuda algo “extremamente difícil” ou até mesmo “impossível”. Mais de um terço delas, aliás, admitiu possuir apoio social insuficiente.

Causas da depressão pós-parto

As causas da depressão pós-parto podem ser influenciadas por questões como mudanças físicas por conta da gestação. Após o parto ocorre uma queda dramática nos hormônios estrogênio e progesterona; Essas mudanças, por si só, podem contribuir para um quadro de depressão pós-parto. Fatores emocionais que podem estar ligados a situações externas, como o abandono da paternidade do filho, ameaças, violência doméstica, falta de apoio familiar, estresse e pressão psicológica também estão relacionados à depressão pós-parto, além das inseguranças da mãe em relação à criação do filho.

Sintomas da depressão pós-parto:

Sentimento de tristeza ou desespero constante;
Perder o interesse ou não sentir prazer na maioria das atividades diárias;
Nos casos mais graves, a mulher pode ter pensamentos sobre morte e suicídio e vontade súbita e assustadora de prejudicar seus bebês;
Dormir muito ou não dormir o suficiente;
Inquietação ou indisposição;
Sentimento de indignação ou culpa;
Dificuldade para se concentrar ou tomar decisões;
Ansiedade e excesso de preocupação.

Apoio social
Nós, como profissionais da área da saúde, temos como responsabilidade tratar com muito carinho esta situação e abrir esse tema em nossas clínicas junto aos nossos pacientes, famílias e com nossos amigos profissionais. Precisamos criar uma rotina de informação para que este quadro seja revertido, formando uma rede de mães informadas e encorajadas a pedir ajuda!
Se você está passando por uma situação onde suspeita que seja um quadro de depressão pós-parto ou conhece alguém que possa estar passando por isso, não hesite em pedir ajuda médica, está bem?

Abraços e até a próxima!
Dra. Valéria Dória

 

 

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